— Não via um caso novo há semanas, de repente passei a ver dois, três, outros infectologistas relatavam o mesmo, e isso acendeu um alerta de que estava acontecendo em vários lugares ao mesmo tempo. Era nítido que o vírus tinha voltado a circular — conta a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas.
O cenário vem de um somatório de causas, da globalização que mantém o Sars-CoV-2 circulante, além de suas variantes, e até o frio atípico no Brasil em pleno novembro.
— Soma-se a isso o fato de que temos uma população cuja última vacina de reforço, para quem tomou em junho, julho, já tem mais de quatro meses, e o número de anticorpos caiu. E, claro, está a flexibilização de tudo que fizemos. Recentemente tivemos eleições, que levou a aglomerações. Agora vêm as confraternizações de fim de ano —enumera a infectologista.
No Rio de Janeiro, uma análise dos últimos 15 dias feita pela vigilância estadual apontou que a taxa de positividade nos testes de RT-PCR e antígeno para Covid-19 cresceu. Também houve discreto aumento nas solicitações de leitos para tratamento da doença. Em Santa Catarina, a secretaria da saúde observou aumento dos casos ativos notificados, sobretudo casos leves que necessitaram atendimento ambulatorial, mas sem hospitalização. Já na Paraíba, houve aumento de 66% das notificações de casos suspeitos. E o quantitativo de internações já corresponde, em novembro, ao total de todo o mês de outubro.
No Amazonas, as infecções por Sars-CoV-2 saltaram no início do mês, em comparação a outubro. Segundo a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, foram registrados 1.440 casos de Covid no estado de 1º a 9 de novembro — no mesmo período do mês passado, o índice era de 243 positivos.
Os casos também subiram na Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rondônia, mas ainda sem reflexo nas internações e óbitos. O mesmo acontece no Distrito Federal, onde a secretaria relata preocupação com a baixa procura pela vacinação.
Sem testagem
Uma preocupação geral das autoridades é a subnotificação. O aumento de casos tende a ser ainda mais acentuado considerando os positivos de autotestes que não são comunicados às autoridades de saúde.
— Quando o autoteste da farmácia vem positivo, normalmente ele não é reportado oficialmente a lugar nenhum, o que impede de mapear corretamente a nova onda — diz Boszczowski.
Os estados de Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, Roraima e Tocantins relatam que ainda não observam alta significativa de casos ou internações.
Para prevenção, especialistas recomendam a volta do uso de máscaras em ambientes fechados e com aglomerações, como hospitais e no transporte público, principalmente entre pessoas dos grupos de risco. Orientam, ainda, a retomada de medidas básicas, como lavar sempre as mãos. E, claro, isolamento para quem apresentar sintomas.
*Estagiária, sob supervisão de Elisa Martins
FONTE- GLOBO
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