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Simbolismo histórico da tornozeleira de Bolsonaro


Segundo cientista político, há uma inversão de papeis no país: quem antes apontava um Lula preso, agora está sendo alvo de medidas cautelares do STF
 O ex-presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa após receber um dispositivo de monitoramento eletrônico em Brasília, em 18 de julho de 2025. O ex-presidente Jair Bolsonaro deve usar um dispositivo de monitoramento eletrônico enquanto aguarda o veredito de seu julgamento por conspiração golpista, decidiu um juiz do Supremo Tribunal Federal na sexta-feira. (Foto: EVARISTO SA / AFP) ( AFP)

Na manhã da última sexta-feira (18), o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), foi alvo de mandados da Polícia Federal (PF) com uma operação de busca e apreensão, e a determinação do uso de tornozeleira eletrônica como medida cautelar. A cena de Bolsonaro sob medida cautelar é muito simbólica, analisa o historiador, doutor em História Política, jornalista e cientista político Alex Ribeiro. Afinal, é uma troca de papéis: quem apontava para um Lula preso - seu maior adversário político - agora é quem usa a tornozeleira.

A ação aconteceu na residência de Bolsonaro, e nos demais endereços ligados ao Partido Lilberal, ao qual ele é filiado. Foram medidas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após a Procuradoria Geral da República (PGR), segundo o ministro Alexandre de Moraes, apontar risco de fuga do ex-presidente e alertar para prisão em caso do descumprimento das medidas. Na busca, foram encontrados US$ 14 mil e R$ 7 mil, além de um pendrive no banheiro do ex-presidente.

Para Ribeiro, após os últimos eventos, parte da considerável direita e da direita centrista, que se interessa pela boa economia, tende a se afastar do bolsonarismo: “Quando você vê um ex-presidente não ajudando, leva esses grupos de interesse centristas a ficarem ao lado do governo”, pondera. A consequência é a perda do lastro político - até porque a investigação que chegou até a tornozeleira eletrônica se une à lista anterior de crimes.

Agora, de acordo com o especialista, qualquer cálculo político “equivocado” poderá levar à uma desaprovação ainda maior. “Isso prejudica a base bolsonarista, aqueles que pretendiam que Bolsonaro chegasse ao poder, os membros de sua família ou os grupos que ainda se associam ao bolsonarismo”. Para Ribeiro, figuras como os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Mina Gerais, Romeu Zema (Novo), que “ainda tentam ficar junto de Bolsonaro”, acabarão prejudicados em um possível pleito eleitoral no próximo ano. “Se o bolsonarismo já está em queda, os governadores que não conseguem se dissociar não vão ter sucesso se continuarem junto a ele”, analisa.

SANÇÕES
Bolsonaro, que já está sem seu passaporte, também foi proibido de usar as redes sociais e de falar com o filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que se encontra auto exilado nos EUA. Segundo investigações, o ex-presidente teria enviado R$ 2 milhões para financiar a operação liderada por Eduardo, no país norte-americano, contra o Brasil e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo investigação da PF.

Com o uso da tornozeleira, também foi estabelecido ao ex-presidente o recolhimento domiciliar em Brasília, de 19h às 6h de segunda a sexta, e em tempo integral durante os finais de semana e feriados, sem manter contato com autoridades estrangeiras, embaixadores ou se aproximar de sedes de consulados e embaixadas.

Bolsonaro, além das acusações da PGR, também é réu na investigação da trama do golpe, que o manteria no poder no Brasil, nas eleições de 2022. Mais recentemente, o ex-presidente também foi citado na carta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao comunicar a taxação em 50% dos produtos brasileiros nos EUA, onde também se investiga seu envolvimento.


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