João Campos discursou ao lado do presidente da República durante cerimônia de entrega de títulos de regularização fundiária para 599 famílias da comunidade na zona sul da capital. “Temos o maior presidente da história do Brasil e ele é pernambucano, um homem do povo, que se emociona e que faz as coisas com o coração”, disse o prefeito do Recife. “Onde o senhor estiver, na minha cidade e no meu estado, eu estarei ao seu lado, defendendo o seu nome e dizendo que sou um soldado do senhor”, prometeu João Campos, celebrado pelo público com gritos de “melhor prefeito do Brasil”.
A fala não foi só para os presentes, mas também para os ausentes. Com a frase, João jogou luz sobre a ausência da governadora Raquel Lyra (PSD) nas três agendas cumpridas por Lula em Pernambuco nesta quinta e, ao mesmo tempo, a frase foi uma resposta às críticas dirigidas ao prefeito no fim de maio, quando ele viajou a Salgueiro, no Sertão do Estado, para participar de agenda ao lado do presidente e da governadora. Na ocasião, aliados de Raquel questionaram por que um prefeito da capital viajou a outra cidade para uma cerimônia que supostamente não lhe diz respeito.
Reeleito no Recife com ampla margem, em 2024, João provavelmente deixará o comando da prefeitura em abril de 2026 para se dedicar exclusivamente à campanha ao Governo do Estado, sendo o principal oponente da governadora Raquel Lyra (PSD). Ela, que era do PSDB, mudou de partido há poucos meses para entrar “oficialmente” na base de apoio do presidente Lula e tentar disputar o apoio do líder petista no próximo pleito.
Cenário
Contra a sonhada aliança Lula-Raquel pesam: a antiga relação de amizade que o petista nutre pela família do ex-governador Eduardo Campos, pai de João; a intenção de Gilberto Kassab, dirigente nacional do partido de Raquel, de lançar um nome próprio à presidência da República; o crescimento, dentro dos postos de direção do PT local, dos grupos de Teresa Leitão e Osmar Ricardo, defensores do apoio a João; e os baixos índices de intenção de voto na governadora apontados nas pesquisas realizadas até o momento, que apontam vitória de João Campos no 1º turno.
Por outro lado, o PT de Pernambuco tem como principal reivindicação a garantia da candidatura à reeleição do senador Humberto Costa (PT) na chapa encabeçada pelo socialista, o que está longe de ser dado como definido no entorno do prefeito. São duas vagas, que no momento são pleiteadas pela ex-deputada Marília Arraes (Solidariedade), pelo ministro Silvio Costa Filho (Republicanos) e pelo ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (União Brasil), além de Humberto (PT). Para João Campos, amarrar desde já a aliança com Lula pode lhe garantir margem para se desobrigar a atender os petistas locais. As informações são do Portal Brasil de Fato.
FONTE BLOG CARLOS BRITTO